setembro
As chuvas de verão na vez do crepúsculo e, mesmo assim, ainda o crepúsculo. O aroma da terra a trazer o aroma do outono com as vindimas fartas, dentes-de-leão nos prados a predicar o horizonte. O papa-figos em visita antes da próxima migração. Oliveira tu, que dás o óleo para as bendições. Que me recebes como as mulheres das películas a preto e branco de Antonioni. Na janela um rosto virado para o que o princípio da noite cerca. A temperatura baixando, estrelando a abóboda, quando a latitude se inclina, dia após dia. Miúdas e miúdos na rua principiam pueris namoricos. É curiosa a forma como setembro se assemelha tanto a março: coloridos ambos, o segundo a receber o fruto, o primeiro ainda a colorir a folha, antes da flor. Ambos nessa tez com que os românticos poetas de oitocentos declamavam seus sonetos exacerbados, entre pautas de piano. O coração é um músculo contente, se o alimentam. Estamos lá, entre eles. Somos miúda e miúdo como as miúdas e os miúdos na rua, subentendidos. Porque...