não sei quê
Estava quase a não sei quê. Veio o sol manhã cedo, vi o rio a espelhar aquele azul estranho deste ainda outono a inclinar-se mais para o inverno. Contudo, foi uma manhã desse azul, como quem diz esperança sem a daninha inveja do verde. A cidade, esta cidade cheia de gente, onde fui respirar o mais puro dos menos impuros ares cosmopolitas, vi cinco cêntimos que alguém depositou no chapéu de um mendigo que tocava guitarra sem pedir nada ou sequer falar. Depois, observando a praia dos veraneantes à beira-rio que agora acolhe centenas de tufos verdes de erva daninha. Não tive epifania, um mero título que fosse, para exprimir o que sentia. Apenas que estava quase a não sei quê. Entretanto, nesse passeio, dei conta que por dentro da braguilha (bem mais fundo) o corpo dizia-me que os rins e bexiga continuavam de boa saúde. E que apenas precisava de um canto, entre algum arvoredo, para deixar o meu testemunho no território por onde passei, sem querer causar estranheza ou provocação a quem...