como se fosse possível
Entra, por que hesitas? É do brilho extinto nos meus olhos? Ou da febre que me cobre o corpo em espasmos? Vá, por que não entras? Esperei-te anguloso por meus ossos salientes, os acordes dos cães lá fora soam a estridência enquanto a água começa a cair devagarinho num suspiro dos céus, das nuvens contraproducentes com a estreita alegria que teria para uma tarde de sexo encomendada. Aquela soturna janela é como um encosto, outrora discorrida pelos penetras e voyeurs, junkies como eu; e lembro de uma colega tua, muito novinha, com seus braços juntos apertando as mamas. Paradoxalmente tímida e ousada, magnificente voluptuosa e atrevida. E eles, mais gulosos do que eu, lá a levaram à minha revelia, e foi notícia de jornal, violada não sei quantas vezes, morta já nem me lembro como. Não sei se soubeste. De nada fui acusado, já que nunca me concebia ser cúmplice disso… Mas… entra, entra lá, que não te faço mal, já tapei a janela, ninguém nos verá e não deixarei que cá venha alguém. E não há ...