desvio
Já não há outro mundo. Perdi o outrora em ti. Se nunca vi futuro perante claridade, sigo cega agora, batendo com os joelhos nos móveis. Sou incapaz de fazer qualquer desvio, uma vez que foste tu o último. E perigosamente, não só para os joelhos, mas para qualquer osso meu, que sempre eras faminto por devorá-los, tanta é a carne assim me dizias com que se revestem. E, no entanto, doem. Como me doeu a tua nunca anunciada saída, bem como a tua inconstância quando parece que voltas e no segundo seguinte já não estás. Envelheci em meio ano muito mais que nos 46 que hoje completo. Os credos cessaram, acabando também os gestos disparatados da solitária que se viu longe de quem ainda tinha esperança de resolver a sua solidão. Observa como esta tarde de março leva tudo devagar, com frias e tímida labaredas, num vai-e-vem sob um manso vento. Está aí tudo. Mesmo os abraços, os teus beijos. Actos que me surgem assim na memória, imagens fantasmagóricas como as antigas fotos em efeito de sépia, de m