falsa geografia
Tivesse eu - neste sol poente como se me fosse das mãos criação, e a brisa
nas narinas como peculiares sopros - a presunção de deus em mim ou Eu
em deus e, sem termos trindade mas dual comunhão, afastando a asa batida
de pó das rémiges do sacrossanto espírito a fazer competição, seria o mundo
ardido sem ter voltas que dar, menos voltas teria nas órbitas, volta nenhuma devia
o ar e toda a água, nem a terra continental e a insular, polos, vértices, os cumes.
Seria o fruto, o pomo, suco de raiz e mata, sede de te ter, ora desmanchada
em suco, ora carnuda, vida na boca, visceral na língua, a sentir toda a vibração
das falanges introduzidas no que é mais secreto e íntimo universo, paradoxais
movimentos como são as palavras, tu a chegares a um qualquer nirvana menos
conhecido por mim (e, a ser assim, deus é o quê, ou serei eu nele de que forma?),
lambendo os dedos como quem lhes chupa o sal dos tremoços, após tarde infinda
em alarve e concreta bebedeira de lúpulo fermentado num qualquer bar de esquina.
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(foto minha)
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