articulação


Malha baixa e levanta o ferro debaixo
por baixo em chumbo
a atitude cinzenta das manhãs
e malha alta levanta o ferro de cima
por cima em sangue
mistura-se a saliva
o salino tempero de fazer crescer em dias
assim com os terrenos e os rios encadeados
as celas caldeadas por bolsas dos bichos mortos
os bichos vermes mortos em cadeia nos silos
lá no cimo onde cereal nenhum fermenta
só repousa o alambique
por baixo cobreado de sódio o ódio
e outra palavra que faz rumor
repetida por nenhuma salvação
nem cresce senão apontada ao emotivo motivo
de largar o cobre como veneno
pela ancora içada da água que ainda há
e fluem relógios
cem rotores mortos de ferrugem
gastos no sol e na salina frequência
por isto existir maquinalmente
quem sabe se maquinaria por deus criada
para não ser ele e ele sempre
ele um vegetal comum
não chega
não sai de cá
não vai a lado algum
porque nenhum osso músculo
nenhuma articulação
só o ferro que baixa e por cima se desfaz
em lugares-comuns
o osso o músculo a pele que respira
na salina secura quando puder ser o sol
sem nunca a palavra maldita
cantada quando tudo se confundir
em um só rumor.


_
foto de Mehdi Karimi Souderjani

Comentários