manhã


Fosse eu na mais indecisa circunstância e teria no despertar a dureza das cascas velhas dos pinheiros. Fiz-me, porém, em ilha, e lancei-me aguçado em preliminares fotografias, entre neblina e suspiros. Veio a alvorada num pequeno incêndio sem fogo ou fumo, só a temperatura ágil da xícara, o aroma do trigo e da aveia cozidos, o lento roer de um damasco. Circundar a ternura pela curva mais apertada do último sono. A manhã no hálito delicado da caruma onde vestígios solenes dos primeiros orvalhos, entre estas quentes jornadas de verão. Disperso a água para chamar o olhar e o esforço libidinoso dos lábios, mais um gesto pungente que o corpo não sabe disfarçar: tangentes os dedos na perpétua manhã de um sábado entre maresia.


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foto de Suzanne Moxhay

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