parábola


Porque me demoro longamente a entender o prazer táctil dos meus dedos sobre o meu corpo e do que dele fazias, queria-te mar. Mar que vai mas também, sempre, que sempre vem. Não como foste e já não vieste. Entender como tecias fragmentos de luz e água na contenção de espasmos entre as minhas pernas. E saber do doce alento dos meus seios na tua língua, do profundo beijo que me remetias como cartas de amores antigos, a prometer eterna felicidade. Tudo isso são grãos de areia que anseio agora cobertos pela espuma desfeita do mar salino do meu corpo. O mar de ti foi a parábola perfeita, meu amor, para o fim do meu orgasmo. Sem que sejam, agora, os dedos meus, languidamente parcos, a fazer o labor em mim que só tu, tão só dizendo devagar o meu nome, conseguias, após o vai e vem das ondas.


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foto de Andrey Sayfutdinov

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