minha ilha
You are the sweetest melody I never sung
Patrick Watson, Melody Noir
– Tange a nossa melodia
pediste. E, assim que dos meus dedos surgiram os primeiros acordes, deste o teu corpo à dança temperada pelo nosso amor. Então, eu pedi
– Canta
e vi vagarosamente os teus cabelos dispersarem do teu rosto para que pudesse entender o jeito do teu sorriso, com o teu olhar fixo em mim como se nenhum outro mundo pudesse existir. E os teus cabelos alinharam num repouso de cascata desde os teus ombros até onde te nascem os seios.
A tua voz surgiu como se a aurora fosse ciclicamente renovada, entrando em meus ouvidos, curando-me por poesia pura, nunca grafada, apenas presente aos meus sentidos, a colher de mim o murmúrio pausado da paixão que me une a ti, na vontade de arder permanentemente em cada sílaba tua, em cada tom como se sinfonia única, a cada brilho que sai do halo que és e que me guia.
És a melodia que nunca antes tangi. Por isso canta, minha musa cheia de predicação. Quando eu for poeta maior, serás a ninfa mais invejada, essa que todos os trovadores teriam desejado exaltar.
És pura de arte. Pura de corpo, de conceito. Fazes de mim virgem para te receber como se não tivesse um passado para recordar. Quero-te muito, minha ilha! Minha prometida flor de pêssego, meu damasco maduro.
Haja poema de amor. Esse ser-te-á dedicado, a fazer de conta que o tempo não altera nem a raiz nem os ramos das árvores mais frondosas e mais velhas do paraíso que me deste.
Comentários
Enviar um comentário