tentativa


Os meus dedos tacteiam o cume dos teus mamilos enquanto entre tuas coxas se incendeia indomável desejo. Tento os meus e quaisquer outros dedos – mais mãos que pudesse ter – para o teu corpo que tanto lateja, faminto. Não resulta agora tão só a água fresca da minha língua. Volto e revolvo: pele e membros, a delicada mucosidade. Acima, abaixo, em cima, por baixo. Rodopiado de parca imaginação, que os dias são uma pressa, não há tempo para tudo. Então, os teus ombros dando de indiferença, assinalando que, afinal, qualquer chama imensa logo se remete ao borralho para se sumir numa lambida cinza. A cama branca, os lençóis em rodilha. A breve cova do colchão esvanecendo do peso das tuas nádegas, que abandonam a alcova – acto final de actriz quando sai de cena. Pelo que eu, percebido do fracasso, ouvindo a tua raiva silenciosa com a água do duche precipitada com fúria, me sento na cama ainda morna e tento sacudir a frustração com um cigarro nunca aceso por um isqueiro moribundo.


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foto de Dmitry Chernoff

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