delícia do mar
Se tua ameijoa não crês que possa minha boca tomar-lhe o gosto, dá-me então só a sua dura concha. Ainda que seja essa a tua única esmola, saberei eu pois dar uso a minha forte dentadura. Pois que por ti toda a minha boca está disposta a ferir-se, a dilatar-se, a tornar-se dejecto e suja, se assim impões por ser boca minha que te enoja. Tu tão bela que debelas língua que a ti se subjuga, do amor que pelo teu o meu corpo se imola! Servirei eu de pedra base, a mármore do altar ao teu santo corpo que me encanta, que me isola do que resta no mundo: tu inteira quero adorar. Sou todo para ti, que nascido fui para tua escolha. Porém, só tua ameijoa a minha língua saberá julgar.
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foto de Natasha Yankelevich
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