vendo o rio a correr
Reages, tento perceber
se teu rosto chora
ou se fazes por me esquecer.
Aqui sem nada que fazer,
vendo o rio na orla,
o orvalho que desola
e não me deixa aquecer.
Não sei o que me consola,
até tento escrever
sem pena nem história;
possa talvez adormecer
sem cuidar na tua demora.
Não sei – também beber
ou ingerir qualquer droga.
Enfim, se calhar, morrer.
Ou acolhido na modorra
que não faz outro sofrer.
Posso fugir, correr
(o que me acorre agora)
mas, assim, a esta hora?
Talvez assistir ao perecer
do desmancho da horta…
Nenhum fruto por colher
e, sendo noite, o que ver?
A salsa já nasce morta
o tomate a prescrever.
Aquela abóbora veio torta
já não pode crescer.
Então, que me sobra?
Tentar de ti saber,
e se tal te incomoda.
Caso não me queiras ver
por minha tanta demora,
escusa-te a responder.
Minha alma tanto chora.
O que mais me importa,
(se assim devo dizer)
vendo o rio a correr,
é: que espero de ti agora?
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