fantasia
Nenhum pinheiro aceso por combustão instantânea: foi apenas o sol posto entre dois troncos. Julguei ver fogo que vencesse a escuridão e conduzisse os meus passos a ti, dentro do lume. Seria ilustração infantil, comigo ofegando, correndo pela cidade a constatar os estores das janelas tão fechados porque o frio veio a impor-se. Eu vergado sobre o ventre, aflito de uma e mais vontades, com a velha história de que quem brinca com o fogo faz xixi na cama. Não seria xixi o que teria para humedecer a cama, se a correria com o fogo ateado fosse para acabar a noite e inaugurar a madrugada contigo, entre lençóis e cobertores, desnecessários perante a temperatura das tuas coxas. Mas, nenhum pinheiro aceso, é o facto. Apenas um rio correndo. Se morrendo eu de frio, os estores fechados. Nada há aqui que salves: destrói esta fantasia, que eu só posso dormir e fazer xixi, maculando a cama onde me esperarias.
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imagem: sobreposição de fotos,
com Natalia Tihomirova e Dmitriy Plehanov

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