turbilhão
Segues a inevitabilidade das minhas mãos recorrendo às cores húmidas do teu corpo. Sacudo o orvalho dos ombros depois de uma manhã congestionada pelas emoções. Abriram-se os teus poros de perfume, e cantas com uma a voz de murmúrio. Os teus orgasmos são a latitude do desejo. E quando estremeces, atiras, num súbito soluço, o mundo pelo universo adentro.
Convida-me, abre-te. Explora a minha língua. Exala. Transpira na dança. Enleva-te neste prazer puro e primário. Estou em ti para beber do teu sumo, essa frescura que o teu corpo me sacia, amadurecido pela maciez de vénus da tua pele quente, brotando suco entre saliva. Dou-te o meu sémen. Quero que dances embriagada com a cor do vinho. E te percas. Extasiada de mim e por mim entranhada. Bailo contigo ao ritmo da música que te embriaga em perdição, ritmo paralelo aos teus sentidos. Dando embalo à nossa cópula ébria e desenfreada.
Toca-me delicada. Abre os pulmões para gritares o clímax do teu corpo. Na flor que hasteaste brotarão as leitosas pétalas que te cobrirão de uma espumosa e morna candura. Arde tudo. Mesmo que na janela as nuvens murmurem a sua ladainha de chuva e de modorra.
Mergulha então comigo, quero sorver o sabor de morango no teu sexo aflito, ferida aberta pelo prazer que confessas tão sôfrego. Leva as minhas mãos aos lugares mais íntimos e não largues a haste da flor de que sorves o aroma e seiva minha com os teus lábios e língua. Mergulha comigo no frenesim escarlate, sol de sede caído sobre os nossos corpos que se apelam, se rejeitam e se apelam novamente. Mergulha-me, mergulha-te. Não há tarde nem noite, apenas um tempo traçado nesta verticalidade que fazes de mim, explodindo contigo num turbilhão de gemidos.
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(foto de autor desconhecido)
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