segunda epístola dolorida para Eunice

foto de Tracy Pote


Muito me magoa o teu silêncio quando sinto
que fora de mim és aresta nessa outra vida,
Eunice! Por cada vez tudo tentaste ter sido
mas outra não foste. Dessa forma tão iludida

pensaste ser paralelamente outra de duas:
a que conheci e a que outros insistem ter.
Após tantos anos, estações e muitas luas,
quedei-me em tentativas para te esquecer.

Quedo ainda, de resto, tu nada sabes decidir.
Filhos feitos, marido que já nem se importa
com quem és. Soubesse ele corajoso discernir

vosso fim. Eu e tu teríamos para ver o futuro
do que seria possível, nunca como outrora.
Por agora ainda acredito na tua jura de tudo.



*

antecedendo «responde eunice»
e na sequência de «escrito e dolorido para eunice»

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