além a perdiz
- Além a perdiz!
Que a proteja o arbusto frondoso
entre as suas folhas
em tons de camuflagem
pois, os caçadores, na sua duvidosa
inocência de crianças,
espreitam ávida e ancestralmente
por tiro certeiro:
um grito metálico de fogo abrindo feridas.
- Não faças ruído, não a afugentes!
e o cheiro da pólvora excitando os cães.
Não há revoar de penas e gorjeios
que obrigue ao avanço; terá sido falso alarme?
O atirador a afrouxar, podendo respirar,
largando os cães que farejam o sangue.
A perdiz é um silêncio
não se sabe se perdida do seu rumo.
E o cão salivando o cheiro da morte.
Mas: a perdiz desapareceu como fumo.
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