cantiga de

foto de Aleksandr Zavarukhin


Agora que não esqueço de como choraste por me ver partir, colho de jardim alheio a mais formosa flor como se um retrato para te recordares de mim. Porque dizias: foste a única a quem o desejo não pediu senão a cor delicada de um beijo e em troca o corpo quente de um verão.

Verão que não esqueço. Porventura dirão que em todos os jardins a flor mais pura é a jamais tocada. E eu tocada por ti fui, e assim de ti não me esqueço entre tão florida solidão.

Mas… tu insecto, tu borboleta… Que dirias, se não fosses esmagada num estalar entre mãos em teu pleno voo, se não fosses calcada, moribunda, no chão?


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