véspera

Katia Chausheva via Alternatif Fotoğraf Topluluğu.



A parede é demasiado áspera para deixar que o queixo
e as mãos lhe sintam a textura
recolhe-se o sol e este covil de letras e tons e sílabas fica mais frio
fica grave quando se esfrega a fronte
e se coloca o cabelo em desalinho
a pele arrepiada por um arrefecimento que não se espera
uma vez que a tarde feita de sol
ufano de uma promessa estival.

Ao fechar os olhos
o amanhã repudiará as palavras pretéritas
e um domingo será erguido de irrequieta solenidade
a saber que
tendo sido a véspera ébria
será a vez de retomar a sobriedade
e o silêncio.

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