antes só
Antes só que mal acompanhado: e assim chegaste ao teu limite. Prestas contas à janela e para com a paisagem abandonada do lado de fora, e ficas em paz interiormente. São os livros que derradeiramente te irão agora levar em ombros. Não te pedem nada, não te exigem formalidades ou cedências de última hora. Não te querem para outra coisa senão que os acarinhes com os dedos sobre as lombadas, que lhes sintas a textura das folhas e o aroma do papel, que os leias como quem desnuda de êxtase o ser amado. Eles estão para ti e não te fecharão qualquer porta.
Tens também a música com que viajas, o copo de whisky para te afastar as sombras, e uma quantidade infinita e patética de tecnologia para dispores em horas de alegria ou, se for o caso de necessidade destiladora da bílis, para te indispores, vociferares, mandar à merda.
Não pertences a ninguém nem a mais nada. Tens-te a ti. Foram-se os amigos? Antes só que mal acompanhado. Aguenta-te. Disseram-te certa vez: “as árvores morrem de pé”. Em terra firme e de pés bem assentes tenta agora permaneceres, até que asas te cresçam nos costados e possas verificar enfim se os mortos habitam o céu.
Comentários
Obrigado pelas palavras
Maria da Lua
TSC
Olhar para os erros do passado, faz-nos encontrar as respostas certas para um futuro repleto de escolhas e dissabores.
Mesmo sabendo que há males incuráveis, vale sempre a pena baixar as armas e (re)tentar, pois tal como diz o ditado, a esperança é a última a morrer, e à semelhança das àrvores, quando morre, em todo o seu esplendor, morre de pé.