partida (em memória dos oprimidos do passado e do presente)




não sustento o teu pensamento
com pedras angulares
porque parto daqui sem haver boca
para a fome
nem sede para os olhos
e com a saudade palpitando em cada passo
que não volve o olhar ao passado

parto como outros partiram
no destino que não se vê para lá do salto e da distância
parto como criminoso
como um ladrão
que furtou à pátria o sangue
mas nunca como um cobarde

porque não sustento o teu pensamento
irregular e granítico
porque a minha fome é a tua fartura
e a minha clausura é o teu conforto
eu parto, já com saudade

e aspirando a uma terra onde possa gritar:
- Liberdade!






(24.04.2009)

Comentários

Anónimo disse…
o melhor poema que li sobre o 25 de abril :) estás a escrever como nunca, alexandre. um beijo grande.

delírios mais velados