a minha espera de ti


foto por Kadu (daqui)


Não me interessa se vens ou não. Passaram as horas naquele ponteiro que a estação ergueu como monumento às pessoas que esperam, inquietas, o embarque e o desembarque da vida. Pesa-me o sono da tarde, depois de tanto esperar. Aqui não está nem vem ninguém. Aqui, na planície agreste das minhas mãos. Voaram os estorninhos numa soberania invejável e as nuvens sorriem e já não choram. Vieram espiar-me a minha espera de ti e trazem as tuas cartas carregadas de promessas. Se não estás estendo os meus braços para o vazio e entro. Pelo menos dentro de mim posso contar com o afago do sangue, se as lágrimas já não me servem para mais nada.

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