flores

foto de Rucsandra Calin


Danças-me com flores à boca da madrugada. Suavemente subindo a coxa sobre o lençol. A concha amparando o teu ventre exala segredos de maresia. Acordas-me com beijos na palma das mãos, e abro os olhos desamparados na ténue escuridão. Sinto-te entre os dedos, em teias loucas e imaginárias. Dedilhando flores, desfolhando rosas, margaridas as tuas pernas, os teus braços.

Então depois o nada com o rastro do todo. Primavera e verão, um segundo como que um século. Mãos, línguas, odores, ansiedades. Multiplicado a cores. E a sombras. E a sangue.

Recobrando o sentido do espaço e do tempo, depois que o universo explodindo em turbilhão o animal dos desejos, largas-me o corpo numa floresta escaldada, com os lençóis em água. Vou perdendo as forças para o sono outra vez. Dentro do teu sorriso.

Num silêncio de tic-tacs vestes a camisola tirada do meu tronco. Colocas-me um beijo demorado sobre a face ainda ruborizada despertando-me por breves instantes do meu segundo sono. Ainda lembro de te ver, em movimentos contra o espelho: penteias o cabelo e são pétalas.

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