triste é o virar de costas
Último Beijo, de Paulo César (1000 imagens)
Ficou-me amargo o último beijo. O derradeiro quando não sabia sequer
(ou sabia, mas não acreditava)
que era também a última noite. Das tuas mãos repousadas sobre o meu peito, entre os lençóis preenchidos de silêncio. E por aquele sabor amargo
(enquanto te vestias, uma coisa furtiva, como se não mo fosse permitido)
o meu olhar estranhamente deslocando-se, a mão por instantes
(longos, instantes transformados em horas)
sacudida e suspensa nas entrelinhas dos teus gestos. E indaguei
(lembro-me)
onde os teus dedos dedilhando de cor as palavras, os sorrisos afectuosos sobre o meu olhar, e as lágrimas
(ou talvez nem lágrimas)
alagando tremores por medo das partidas. E nisto um último olhar, a derradeira prova de que
(sabia lá eu)
o amor para nós não era possível. Tudo o que disse, e fiz, perdido naquele olhar. Tudo o que eras para mim. Seguiram-se os dias sem serem dias, as noites acontecendo sem que eu acreditasse. Eu, um copo, o cigarro intermitente nas dúvidas que fui colocando.
Restou apenas esta fotografia. Eu, que repudiei as lamechices e os são valentinos, as datas, nem sempre as memórias, eu aqui a olhar-te distante numa fotografia. Com os mesmos dias seguindo-se alheios a mim, as mesmas noites acontecendo sem nós dois dentro, ainda apenas
(e por quanto tempo?)
eu, um copo e cigarros decompondo as dúvidas. Assim. Foi assim. Como pudeste?
(ou sabia, mas não acreditava)
que era também a última noite. Das tuas mãos repousadas sobre o meu peito, entre os lençóis preenchidos de silêncio. E por aquele sabor amargo
(enquanto te vestias, uma coisa furtiva, como se não mo fosse permitido)
o meu olhar estranhamente deslocando-se, a mão por instantes
(longos, instantes transformados em horas)
sacudida e suspensa nas entrelinhas dos teus gestos. E indaguei
(lembro-me)
onde os teus dedos dedilhando de cor as palavras, os sorrisos afectuosos sobre o meu olhar, e as lágrimas
(ou talvez nem lágrimas)
alagando tremores por medo das partidas. E nisto um último olhar, a derradeira prova de que
(sabia lá eu)
o amor para nós não era possível. Tudo o que disse, e fiz, perdido naquele olhar. Tudo o que eras para mim. Seguiram-se os dias sem serem dias, as noites acontecendo sem que eu acreditasse. Eu, um copo, o cigarro intermitente nas dúvidas que fui colocando.
Restou apenas esta fotografia. Eu, que repudiei as lamechices e os são valentinos, as datas, nem sempre as memórias, eu aqui a olhar-te distante numa fotografia. Com os mesmos dias seguindo-se alheios a mim, as mesmas noites acontecendo sem nós dois dentro, ainda apenas
(e por quanto tempo?)
eu, um copo e cigarros decompondo as dúvidas. Assim. Foi assim. Como pudeste?
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