tonalidade




Tens a cor da infância espelhada na íris dos olhos, e no teu rosto uma tonalidade de Gauguin, em que se ondula o teu cabelo denso e escuro. Tonalidade da terra, como se o outono fosse outra vez em vésperas de primavera. E sorris de inocência os medos e as carícias na ponta dos teus dedos pedindo que te afaste da solidão.

Se a solidão sou eu… fugindo e voltando com as correntes das palavras atrapalhando o tráfego da voz e dos afectos… Dói-me a garganta, sinto-me febril, peço que tomes conta de mim enquanto galgo as estantes do delírio na demanda dos passados por resolver, das pessoas que não esqueci. E tu só inocência e dedos com a cor da infância, cercada numa solidão de outono findo, aspirando na janela girassóis de Gogh… Eu apenas uma doença maricas, cheio de mesuras e mezinhas de avó. Se fosse assim tão simples colher-te as carícias do rosto e desenhar-te a solidão encurralada...

Se a solidão sou eu, galgando eternos invernos com a garganta febril de gritos de Munch…

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