ciclo


A Despedida, por Lucemar de Souza


Nunca assumi a despedida, nas minhas partidas. Nunca esbocei o adeus, tão pouco o até breve. Na verdade, nunca gostei de partir e que partissem de mim. Estico as veias até se diluírem na distância. Por isso sofro cada saudade: é um ciclo de paixão que se inicia, em que os lugares doem, as pessoas doem, o medo de esquecer rói na voz tremida ao chamar o nome, os nomes, que partem de mim. Escrevo na ansiedade de abolir o significado de um embarque e a distância de uma carta. Partir para mim será um eterno retorno, e por isso um ciclo aberto. Nem perante a morte sei dizer adeus. A memória é a verdadeira viagem, o porto de embarque e desembarque para as despedidas que a vida não dispensa. E assim vou encurtando a lonjura do que parte e regressa, cá dentro de mim.

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