vapor de lume


Findo o almoço, quiseram a modorra como se nada houvesse para ser, mas pior seria se tudo tivessem perdido. Pastaram em passeio esparso com fulgor cego de sol, a moer. Já ali, naquele lugar de virgens paredes pouco comum, de tudo invulgar como se fosse cedo, entre sombras e intermitências de luz, o pó foi sendo dilatado pela humidade. Mãos, braços, bocas, lábios. Línguas. Peito contra peito, ventre contra ventre.

Depois cresceu. O delicado músculo, esponja cavernosa inflada de sangue. Sem frio algum, nem gota. Volver o crepúsculo, o ocaso feito de oportuna ocasião, rosto rubro. Cresceu tanto que maior que o prometido, de tão rígido no limiar de uma dor de prazer.

Sem dar conta que a noite havia de nascer, ia ser engolido, como o acre odor da terra pelas raízes, o sabor do sémen a dar ternura, calor e vapor de lume. Aconteceu como despropósito mas com muita satisfação, poucos minutos antes das seis da tarde de um janeiro muito frio,

(escrevi como combinado).

Foram depois com passos mais ligeiros por caminhos tão diferentes. Porém, não sem antes terem sorrido juntos ao risco laranja no horizonte como se esperassem fruto prometido e jamais proibido.


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delírios mais velados