verdade devota

foto de J Bravo

Quero escutar-vos, ó crédulas virgens mães sacrossantas, nesta noite de pródiga sensatez, liquidamente ébrias pelo toque de Dionísio. Para que digais, informes, representando 

(só de algumas?, ou será eloquência para todos, sejais vós fêmeas ou machos do Senhor que, credes, vos assiste? Vice-versas estão permitidos!)

um lamuriar pastorício da quanta intimíssima fé em vós, significando

- Ah!, que me rompo de tanta tesão!

O que quero de vós é uma lucidez que assente no melhor do pior que há-de haver de vós. Fantasmas da memória não faltam a ninguém, e a todos assombram.

Posso gargalhar? Rir-me com o mesmo propósito e no mesmo sentido com que olhais o vosso ubíquo umbigo, transbordadas que sois nesse vosso amor tão auto-transcendental. 

Ah!, e ouço a vossa gargalhada condescendente, e vejo o bêbedo consumido em cerveja e martini, a montar sinuoso a bicicleta tremeliques de dínamo luzente, rodas de aro que lhe parecem tão etéreas quanto o entoar do coro açoitado na igreja pela pululante maestra, numa prece sublime em arcos quase acrobáticos, com os braços ao alto, até às mãos arqueadas na espera da esmola divina, do vosso riso falso-virgem de patetas católicas, ó alienadas!

A bicicleta do bêbedo leva mais equilíbrio que os vossos funestos desejos a pesar desmesuradamente na balança entre o bem e o mal. O que leva, este homem perdido na noite pastada a álcool, não precisa das vossas chicotadas de comiseração a infligir pecados alheios. Olhai o homem livre! E eu a ver-vos, a eles, vossos penosos esposos, com os pénis moles de dolência pecadora, e vós de vulva em cismada humidade de desilusão.

Vamos então rir do caralhinho? A sete, a catorze, a vinte e um – proponham o comprimento do vosso desejo! 70 vezes 7? Seja! Escárnio sobre as vossas santificadas-alimentares mamas que as bendiga o Senhor, de leite coalho derramado, descente à curva idosa do ventre, até às vossas

(severamente castigadas pelo Senhor, vosso Patrono)

pulverizadas vulvas, acrescentadas de sangue, tumefactas e odorosas.

Oh céus!, desfazei a dúvida das vossas principiantes princesas, pseudo-esposas do eréctil pénis em plumas escondido por espiritual pomba:

- É isto o éden, ou será que ainda vem nuvem com sombra de dúvida sobre a lua? Que seja o inferno e dai-nos uma palavra para a salvação do dia seguinte, ó Senhor lá no alto!