de besta a bestial



A paciência é um pássaro que voa para longe e, se a algum tinhas enjaulado, a gaiola quedou de estar aberta sem o teu discernimento, e o canto cessou. Aos cavalos são-lhes infligidas chicotadas para que mantenham ou reatem o caminho, a galopada. Herdaram como aristocratas as veleidades de impérios, quimeras, sendas, conquistas. Dorsos de antigas e novas demandas. Haja paciência para as suas ventas em fúria. 

Gosto de perceber o olhar virgem das velhas senhoras, outrora formosas donzelas, que nunca tiveram o sabor de um macho, a lamber-lhes os mamilos túrgidos, mamas e nádegas, coxas e barrigas majoradas pela gordura conventual. Surge a peste e é vê-las correndo contra-maré da inclinação do holocausto, negando blasfemos apocalipses, nunca inscritos no verbo do Senhor. Vão em salvação da alma pela abertura do corpo. Haja espadas e falos que as glorifiquem como novas mártires. 

Os bobos da corte não exibem gestos de parar com as suas danças patéticas, não enquanto o olhar soberano de reis, imperadores e czares, mesmo os que para ti se vão nus. Agora, rei, imperador ou czar são palhaços por conta própria, descartando quaisquer fantasias de maquilhagem, ou máscaras. Se queres ver o espectáculo, o teatral comportamento humano, segue-lhes. 

Aqui, neste espectro, cândida lua vela os sepulcros. Que nos sejam concedidos novos santos. Esses seculares, a quem ainda por resiliência se oram, já lhes vemos esmorecer a auréola divina, e tu ainda sem acreditar. 

Sem acreditar que os pássaros voam sempre para longe, austeros quanto à ameaça humana. Não se rendem. E as tuas mãos, tremendo, são a nobre prova, e também a causa 

(Diabos te levem, homem! Por que não seguras firme a tua espingarda?). 

Haja heróis. Viste algum? Dizem que estão por aí; porém – algo me segredou ao ouvido –, estão a inventariar a gula dos seus umbigos, para a derrocada final. 

Peste? Não… Natureza humana. Agora sai da minha janela. Não faças sombra a este sol da tarde que insiste em entrar nos ângulos do quarto. Tenho o pénis rígido. Masturbo-me sem o mundo, para simplificar a minha solidão, embora também na condição de ser, por perseverança, imune solidário.

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