grisalho
os teus lábios beijam-me pálidos.
lá fora o nevoeiro como se mil fumadores
filosofando tacitamente a quietude da alvorada:
é a palavra cinza de frio escrita na janela.
do leito te ergues, morrendo os lençóis à tua partida.
a tua ausência acentua a cor grisalha da janela
a consentir que espreguice o corpo dolorido sobre o leito
e os meus músculos não querem acordar prematuros.
regressas ao quarto já a fumar
como se quisesses fazer parte do ritual que além janela
o dia provoca na sua triste e cinzenta manhã.
olhas-te ao espelho, observas o teu corpo
e de súbito reparas no teu envelhecimento:
ontem não soubeste não conseguiste fazer-me amor.
perdoa-te
concede-te a desculpa da primeira vez.
talvez que o dia não se acinzente assim tanto
e eu possa sentir-te crescendo sob as tuas rugas
numa torre carmesim a ansiar o desejo.
Comentários
--- continuando assim... ---
ainda vai no início :)
espero que goste
bj
teresa
simplesmente