desassossego
não sei sobre que escrevo, nem sei se escrevo, tão madraço
quero deixar para trás as paredes sem sombras nem ocaso
esquecer a tarde, de janelas caladas onde nascem os rostos
com olhar amargo: as cortinas e os televisores iluminados
(tocam-se pianos
mãos, braços
olhos
sapatos)
porque o pensamento voga em branco
e o corpo sem tormenta transpira
cansaço
escuto o norte dos livros e dos cigarros
aconchego o bocejo na língua do nascente
grito de surdina ao ocidente em descuido
e desassossegado
então escolho de vendas nos olhos e o dedo esticado
- vou para o sul: nem sei se acabo.
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forte abraço
2010
feliz