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a intenção de um fruto
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foto de David Dubnitskiy |
permito que as tuas lágrimas
tingidas de uma felicidade sofrida
sejam estes matinais orvalhos
com que a manhã sacia o sol da sua sede
de luz
permito que me acaricies como
a folha pequenina nascida no tronco nu
isto porque permitido é o amor
na alvorada da primavera
protegido o amor
aquecido nas searas ainda verdes
onde estendes os teus cabelos como brisas que apaziguam
a crueldade dos homens
nada sou sem ti
como um tronco seco da seiva
que desliza nos teus lábios
cintilando
e encontrando na abertura da minha boca
a intenção de ressurreição
a intenção de um fruto
que resistiu a todas as intempéries
não sou da noite
que me escondia na sua concha de sombras e fantasmas
não sou da solidão que avassala como um frio
e cobre o corpo de negras
mutações
sou do novo fruto
que desponta nos teus mamilos
e agora renascido ou ressuscitado
vou beber da cristalina água
que apanhas na palma das tuas mãos
e segredar ao azul dos céus
que te amo, com carícias
de pluma
de uma ave pequena.
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