a cadeira

 


A cadeira ficou vazia para que estimulasses a tua imaginação. Trouxeste a parda solidão para que nela se sentasse, e nenhum outro objecto traçaste na tua imaginação senão essa dor a que teimosamente fazes culto. Então eram as descrições pormenorizadas acerca das sombras atravessadas sobre as tuas falanges, o silêncio gotejando na aridez dos teus lábios, ventos e fomes e bocas de gritos escancarados.

Pediste-me

(sempre me pediste isto)

que cantasse árias perdidas no imaginário e no folclore, apenas para te dar alimento a uma nostalgia cega e esclerosada.

Sai!, gritei.

Custou-te mexer as pernas. Nelas trazias raízes de um lixo abominável.

Comentários

delírios mais velados